Relacionamento à distância
12 jul 2020
Milena Félix
A partir de quanto tempo a gente já pode sentir saudade de quem a gente ama? Pode ter saudade sem “sentir falta”, porque o outro ainda está presente? Dá pra ter saudade de quem a gente era com aquela pessoa, minutos depois da gente não ser mais? Depois de uma semana longe, se a gente diz que tá com saudade, vai sempre ter a resposta de que tá muito cedo, ainda não deu tempo. Mas e com um mês? E com várias meses? Em que momento surge a saudade e em que momento ela passa a ser aceita?
Mas é claro que chega uma hora em que é inegável e indiscutível que sim, a gente está morrendo de saudades. E principalmente, saudade da liberdade para viver o amor e a vida do jeito que a gente bem decide. Eu não sei bem o que significa sentir amor, nem sentir saudade, só sei que não dá pra sentir saudade de amar, porque se a gente não ama, não sente saudade. Primeiro amor, depois vem todo o resto.
A vida tem sido muito mais sem graça sem os abraços disponíveis. A sensação de tranquilidade e calor, a sensação de estar conectado, de não estar sozinho, possibilitada pelo envolver de braços em torno de quem amamos, é substituída pela necessidade de perceber a própria capacidade de se aquecer, de se sustentar, de se entender. A solidão tem sensações próprias que a gente não quer conhecer, mas às vezes precisa.
O tempo fica mais rápido, porque não tem a desaceleração que os beijos trazem. É um tempo de hiato. Ficar parado de frente ao mar por meses a fio sem entrar nele. Amor envolve falta. Falta do outro, porque o amamos, mas também falta do que o outro é capaz de preencher na gente. A calma que surge pela ausência de acontecimentos chega quase a causar incômodo. É preciso colocar amor próprio no lugar da ausência, para tentar sustentar o próprio corpo em pé, sozinho.
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* Audiodescrição narrada por Milena félix