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Ser protagonista da sua própria história 

27 abr 2020

Milena Félix

Escrevo isso porque quero que essas palavras fiquem gravadas no meu coração. Tenho vivido à deriva. Uma vida de improvisos. Parada, olhando atenta como uma vítima observa seu abusador. Cabelo atrás da orelha e rosto iluminado: se comporte muito bem. Olho para a vida e espero a vibe chegar. Jogo roleta russa esperando que a vida chegue, mas perco todos os dias. Não tenho estado viva. Não tenho estado acordada. Ouço músicas para silenciar minha mente e para parar de pensar. Youtube e Instagram me envenenem com distrações horas a fio. Cada vez mais passiva. Cada vez mais cega. Cada vez mais vazia. Tenho evitado a existência a todo custo porque, a cada vez que me aproximo dela, ela ressoa meu vazio. - Você não existe, ela me diz. Barulhos ecoam pela minha sala cheia de estilhaços de vidro e paredes sujas. Paredes que não guardam nada. Esta é a minha mente: a sala vazia. A vida é um bandido astuto que a invadiu, me embebedou e colocou sentada nesta cadeira, como uma linda boneca de pano, ébria, o observando quebrar meus cristais. 

Já não consigo pensar, ler ou escrever. Não posso ficar na presença de mim mesma. Essas vozes internas que gritam o incômodo me desfalecem no chão, atormentada. É uma doença, eu não sinto mais meus pés. 

Eu o espero chegar para viver. Sou uma guerreira adormecida. Uma princesa linda. A imagem de frágil me agradou o suficiente. Pare. Você se lembra de quem você é. De quantas vezes teve que decidir lutar. Onde fica o fim do túnel das louças sem lavar? Do ódio pela sua casa. Do refúgio no sexo. Das esperas e desesperos querendo a água que vem dele? Onde é que fica a sua nascente? Ache a fonte de água do seu próprio eu. 

Tire o cabelo de trás da orelha, você não precisa parecer bonita. A sua alma está atirada no fundo desse poço lamacento morrendo de sede. Não escreva para ninguém. Não busque ajuda. Olhe e salve a si mesma. Desça até lá embaixo e dê um banho no seu próprio corpo. Troque as suas roupas e se vista para a guerra. Tire o vestido. Esqueça os momentos de alívio, você não é dele, você é só sua. Que saudade você tem de ter a si mesma. Não espere a vibe, viva sem ela. Faça uma faxina na despensa que virou seus sentimentos. Você é uma vencedora, não é uma vítima. 

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