​

 

 

Uma folha de papel

me seduz mais

e aguça mais

que qualquer outra coisa que eu tenha querido na vida.

Olhar para ela

é como sentir o que há guardado em mim desgrudar do peito

naturalmente,

e pender para as linhas da página em branco.

Como um imã.

Um eco de silêncio se estabelece e então começa o processo natural

em que meus sentimentos escoam para a quietude linear,

sem que eu faça quase nada.

Quando os ouvidos voltam a ouvir e os olhos voltam a enxergar

É que eu descubro que não há mais mágoa,

nem dor, nem dúvida

só espaços cheios na folha de papel.

 

E eu nem vou te contar o que acontece

quando eu ganho uma caneta nova.