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Ping-pong sobre opressão sexual

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09 mai 2021 | Reflexões | Leia em 5 min

Milena Félix

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A sexualidade é uma das características primárias dos seres sexuados e, especialmente, dos seres humanos. Ter uma sexualidade equilibrada faz parte do conceito de saúde, e engloba questões físicas e psicológicas. No entanto, na nossa sociedade, o conceito de sexualidade ainda é um tabu, gerando repressão e opressão, principalmente sobre as mulheres. É por isso que, hoje, nós entrevistaremos a professora universitária e psicóloga Marisa Elias sobre a opressão sexual sofrida pelas mulheres. A Marisa atua no Núcleo de Atenção Integral às Vítimas de Agressão Sexual (NuaVidas) do Hospital de Clínias da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). 

 

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Marisa, qual é a importância de uma sexualidade livre para as pessoas?

A sexualidade é a manifestação do desejo sexual e do instinto, que é parte da constituição do organismo humano. Sendo assim, ela é importante porque representa poder viver os seus desejos dentro do que é possível na sociedade, e manifestando uma saúde física e mental.

 

Como a violência contra a mulher pode ser intensificada a partir da violência sexual?

A violência sexual é um tipo de violência contra a mulher. E ela talvez seja a expressão máxima de tentativa de controle e domínio sobre o corpo feminino. Por isso que ela é, talvez, mais grave. Ela não afeta apenas o físico, o corpo, mas também a degradação da pessoa, a humilhação da pessoa.

 

Como atrelar sujeira às coisas de mulher pode fazer com que as mulheres tenham autoestima mais baixa?

Na verdade é toda uma produção de sentido que faz com que a mulher se desconecte do seu próprio corpo e da própria sexualidade. Começa lá na infância, quando não é autorizado/permitido às meninas que toquem os próprios genitais. Até mesmo a higienização fica comprometida. Porque aprendeu desde cedo "não põe a mão aí, não põe a mão aí que é feio, isso não é coisa de menina", como se a masturbação não fosse coisa de menina, tocar o próprio corpo não fosse coisa de, menina não né, de mulher 

 

Por que existe o fetishe da dominação e como isso impacta nas crenças das mulheres sobre si mesmas? 

O desejo da dominação é algo que é humano, de homens e mulheres, porém, a sociedade desenvolve estratégias né, a cultura desenvolve estratégias que fazem com que as mulheres ocultem o seu desejo de dominação, reprimam o seu desejo de dominação,  e acabem criando uma relação, às vezes, com a figura masculina, de submissão.

 

Como sair da dominação? Os métodos contraceptivos podem contribuir para isso?

Os métodos contraceptivos são uma grande vitória para as mulheres terem controle sobre o próprio corpo, domínio sobre o próprio corpo, e decidir o momento ou a hora de ter um filho, ou se vão ter um filho. E então, nesse sentido, eles têm um papel muito importante, de não deixar na mão do outro, né, a decisão ou mesmo o risco de uma gestação não desejada.

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Ouça a entrevista na forma de podcast: